O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (24) que os traficantes de drogas “são vítimas dos usuários”, ao comentar a política dos Estados Unidos de realizar operações militares contra o narcotráfico em águas internacionais e em países estrangeiros.

Presidente Lula (PT) | Divulgação/Ricardo Stuckert/PR
Durante entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, Lula criticou a iniciativa do governo americano, classificando-a como uma interferência indevida em territórios de outras nações. Desde o início do ano, Washington intensificou ataques a embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico, sob o argumento de combater o “narcoterrorismo”.
“Toda vez que a gente fala sobre combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Ou seja, você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente que compra porque tem gente que vende”, afirmou o presidente.
Lula disse ainda que o mundo não pode continuar vivendo sob a lógica da “polarização do bem contra o mal” e defendeu uma abordagem mais ampla no enfrentamento às drogas, com foco em políticas públicas voltadas à prevenção, ao tratamento de dependentes e à redução da demanda.
“É preciso que a gente tenha mais cuidado no combate à droga”, acrescentou.
O presidente reforçou que qualquer punição deve ser precedida de julgamento e criticou as ações unilaterais conduzidas por forças estrangeiras sem provas concretas ou autorização internacional. Segundo ele, a soberania dos países deve ser respeitada mesmo em operações de segurança.
“Nenhum país pode se achar no direito de invadir outro sob a justificativa de combater o tráfico. Suspeitas não são suficientes para justificar ataques”, declarou Lula.
As declarações devem repercutir tanto no cenário interno quanto no exterior. Enquanto aliados do governo consideram que o presidente busca um debate mais humano e equilibrado sobre o tema das drogas, críticos interpretam a fala como uma tentativa de amenizar a responsabilidade dos traficantes.





