À frente da Suzano há uma década, o executivo Walter Schalka vai deixar o comando da empresa. Schalka continua no cargo até 1º de julho e será substituído pelo presidente da Rumo, João Alberto Abreu, mais conhecido como Beto Abreu.
A Rumo comunicou há pouco a renúncia de Abreu ao cargo de diretor-presidente e a Suzano, a saída de seu presidente.
A troca no comando da Suzano acontece no momento adequado e representará continuidade, disse ao Valor o presidente Walter Schalka, que deixará a posição no fim de junho.
Schalka, que está à frente da produtora de celulose e papel há 11 anos, em substituição a Antonio Maciel Neto, será sucedido por Beto Abreu, que apresentou hoje o pedido de renúncia como presidente da Rumo, empresa de logística do grupo Cosan.
“Refleti bastante sobre isso, é uma continuidade. Com a entrada de Cerrado [nova fábrica de celulose], a Suzano começa um novo ciclo de investimentos”, afirmou o executivo, lembrando que a política da companhia é reinvestir 90% da geração de caixa.
Com o início de operação do Projeto Cerrado, com 2,55 milhões de toneladas por ano de capacidade produtiva em Ribas do Rio Pardo (MS), a geração de caixa da companhia terá crescimento relevante.
“O desafio será a alocação de capital. É o momento certo de fazer a transição para o conselho e vou continuar bastante ativo”, acrescentou Schalka. Seu nome será indicado para um assento no conselho de administração da empresa.
O Projeto Cerrado, um investimento de R$ 22,2 bilhões, está dentro do prazo e do orçamento, já na fase de comissionamento. O início de operação deve acontecer até o fim de junho.
De acordo com o executivo, a Suzano teve um quarto trimestre com desempenho operacional “bastante positivo”, com R$ 4,5 bilhões de resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, 22% melhor que o registrado no terceiro trimestre. Com isso, deixou para trás o fraco resultado visto no segundo trimestre, o pior do ano.
Um dos destaques do trimestre foi a queda de 13% no custo caixa de produção de celulose, na comparação anual, para R$ 816 por tonelada.
Segundo Schalka, o mercado de celulose voltou forte na China após o Ano Novo Lunar, celebrado em 10 de fevereiro, e os estoques da Suzano estão hoje no menor nível da história. Houve retomada da demanda também na Europa, o que possibilitou a nova rodada de aumento de preços, anunciada na segunda-feira. No mercado de papel, as condições seguem mais desafiadoras, em particular no país.
“Do lado da oferta [de celulose], houve fechamentos definitivos de capacidade no mundo de cerca de 2 milhões de toneladas. Do lado da demanda, a Europa não vinha tão bem e reagiu e a China voltou forte depois do Ano Novo chinês. Apesar de ser muito recente, as ordens voltaram a entrar”, comentou.
Os resultados da Suzano no quarto trimestre também foram beneficiados por receitas financeiras. De acordo com o diretor de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da companhia, Marcelo Bacci, a migração dos passivos para taxa fixa trouxe ganhos. Houve também ganho “expressivo” com derivativos e variação cambial, com entrada de R$ 3 bilhões no caixa da empresa.
Walter Schalka — Foto: Ana Paula Paiva/ Valor
Segundo a Suzano, Schalka e Beto Abreu vão iniciar conjuntamente o processo de transição a partir de 2 de abril.
Além disso, Schalka será indicado para um assento no conselho de administração da companhia, que será escolhido na próxima assembleia geral ordinária, e para fazer parte de diferentes comitês da Suzano.
Com 30 anos de carreira, Beto Abreu esteve por 18 anos na Shell, ocupando diversas posições no Brasil, Inglaterra e Argentina. O executivo também passou pela Raízen, como diretor de energia e como vice-presidente do negócio etanol, açúcar e energia, e há cinco anos estava à frente da Rumo, empresa de logística do grupo Cosan.