Clubes, bares e restaurantes de Belo Horizonte começaram a suspender a venda de bebidas destiladas como medida preventiva diante do aumento de casos suspeitos de intoxicação por metanol no Brasil. Até a tarde desta quinta-feira (2), o Ministério da Saúde registrou 59 notificações, a maioria em São Paulo.
Em Minas Gerais, não há casos confirmados, mas a preocupação com possíveis produtos falsificados levou diversos estabelecimentos da capital mineira a adotar ações cautelares.
Em BH, bares, clubes e restaurantes começaram a suspender vendas de destilados - imagens: Divulgação
O Iate Tênis Clube, localizado na região da Pampulha, comunicou aos associados a suspensão imediata da venda de bebidas como cachaça, uísque, vodca e gim, por tempo indeterminado. “A medida tem caráter preventivo e de cuidado, considerando as graves denúncias de falsificação desses produtos divulgadas recentemente”, informou a direção do clube em nota.
No Minas Tênis Clube, a decisão foi similar. Restaurantes e lanchonetes instalados nas unidades da instituição também interromperam a comercialização de destilados. Segundo comunicado, a retomada só ocorrerá após a conclusão das investigações pelas autoridades sanitárias.
Na região Centro-Sul de BH, o Café Bonjour, no bairro Lourdes, também suspendeu a venda de bebidas alcoólicas à base de destilados. Em publicação nas redes sociais, o estabelecimento reforçou o compromisso com a segurança dos clientes.
Atenção redobrada
De acordo com Karla Rocha, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), ainda não há registros de intoxicação por metanol no estado. No entanto, a orientação da entidade é clara: estabelecimentos devem adquirir bebidas apenas de fornecedores confiáveis e estar atentos a sinais de adulteração.
“Lacres tortos, erros de impressão nos rótulos, odor forte semelhante a solvente e preços abaixo do mercado são indícios de possíveis falsificações. Em caso de suspeita, a venda deve ser suspensa imediatamente e as autoridades notificadas”, afirmou.
A Abrasel também orienta que garrafas vazias sejam inutilizadas antes do descarte, a fim de evitar reutilizações indevidas por falsificadores.
Alerta do Procon-MG
Nesta semana, o Procon do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) emitiu uma recomendação formal a entidades do setor de alimentação e bebidas, incluindo a Abrasel, reforçando a importância da rastreabilidade e do controle rigoroso sobre a procedência dos produtos comercializados.
"O MPMG ressalta que cabe a toda a cadeia de fornecedores – fabricantes, distribuidores, bares, restaurantes, hotéis e organizadores de eventos – garantir que os produtos disponibilizados ao mercado sejam seguros", diz o texto da recomendação.
Entenda o risco
O metanol é um tipo de álcool utilizado principalmente para fins industriais, presente em solventes e combustíveis. Altamente tóxico, sua ingestão pode causar danos severos ao organismo, incluindo cegueira, insuficiência hepática e renal, coma e morte.
Segundo o Ministério da Saúde, das 59 notificações registradas até esta quinta-feira, 11 já tiveram a presença de metanol confirmada em exames laboratoriais. A maioria dos casos ocorreu em São Paulo (53), com uma morte já confirmada e outras cinco sob investigação. Pernambuco registrou cinco notificações, e o Distrito Federal, uma.
As autoridades federais e estaduais seguem investigando a origem das bebidas adulteradas e monitorando possíveis novas ocorrências.
Serviço:
Em caso de suspeita de bebida falsificada ou intoxicação, o consumidor deve procurar imediatamente a Vigilância Sanitária ou entrar em contato com o Procon-MG pelo telefone 151 ou pelo site: www.procon.mg.gov.br