A Justiça Eleitoral cassou nesta semana o mandato do vereador Elson de Souza Lima (PT), reeleito nas eleições municipais de 2024. A decisão, resultado de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pelo Ministério Público Eleitoral, também tornou o parlamentar inelegível pelos próximos oito anos, até 2032. O processo aponta abuso de poder econômico e político durante a campanha.
De acordo com a sentença, Elson cometeu duas irregularidades graves. A primeira foi o autofinanciamento acima do limite legal, com a doação de R$ 18,5 mil à própria campanha — quase o dobro do valor permitido por lei. A segunda prática considerada abusiva foi a contratação em massa de cabos eleitorais, totalizando 101 contratados, sendo 85 deles concentrados exclusivamente no Distrito de Vila Gabriel Passos, que possui pouco mais de 1.200 eleitores.
Segundo a Justiça, essa estratégia criou um desequilíbrio evidente na disputa e interferiu diretamente no resultado eleitoral. No distrito, Elson obteve mais de 44% dos votos válidos, uma vantagem considerada determinante para sua vitória.
Além dos abusos econômicos, o vereador também foi condenado por abuso de poder político, após uma denúncia envolvendo a ameaça a uma eleitora. Conforme os autos, ele teria sugerido dificultar a realização de uma cirurgia essencial para a filha da mulher caso não recebesse seu apoio político. O episódio foi confirmado por testemunhas e por uma conselheira tutelar que acompanhou o caso.
Com a decisão, Elson Lima:
-
Perde o mandato de forma imediata, após o trânsito em julgado da sentença;
-
Fica inelegível até o ano de 2032;
-
Terá seu diploma de vereador cassado.
A Justiça Eleitoral também determinou a retotalização dos votos para oficializar a substituição. A defesa do vereador ainda pode recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).
Com o trânsito em julgado ele deverá ser substituído na Câmara Municipal pelo suplente Luan Saúde (Solidariedade), que obteve 408 votos nas eleições de 2024.
A sentença está repercutindo amplamente nos meios políticos locais e reacendeu o debate sobre a influência do poder econômico nas eleições, especialmente em municípios de pequeno porte, onde a desproporcionalidade de recursos pode ter efeitos ainda mais significativos.