O estado de Minas Gerais é responsável por 1 em cada 5 casos de trabalho análogo à escravidão no Brasil, segundo a mais recente atualização da “Lista Suja” do trabalho escravo, divulgada nesta segunda-feira (6) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (TEM).
De um total de 691 empregadores incluídos no cadastro, 151 estão localizados em Minas Gerais, representando 21,8% do total nacional. Em seguida aparecem a Bahia, com 77 casos (11,1%), e São Paulo, com 73 registros (10,6%).
Imagem ilustrativa - Foto: Sérgio Carvalho/MTE
Confira aqui a lista com o nome dos empregadores inseridos na “Lista Suja” do Ministério do Trabalho.
Juntos, os três estados somam 43,6% de todos os casos registrados no país.
Lista teve aumento de 20% nas inclusões
A nova atualização do cadastro trouxe 159 novos nomes, um crescimento de 20% em relação à edição anterior. Os estados com mais novas inclusões foram:
• Minas Gerais: 33 novos casos
• São Paulo: 19
• Mato Grosso do Sul: 13
• Bahia: 12
Ao mesmo tempo, 184 empregadores foram removidos da lista por já terem cumprido os dois anos obrigatórios de permanência no cadastro.
O que é a “Lista Suja”?
Trata-se de um cadastro mantido pelo governo federal para divulgar empregadores flagrados explorando trabalho escravo. A publicação é semestral e funciona como instrumento de transparência e pressão pública e econômica.
Setores mais afetados
Entre as atividades econômicas com mais registros de trabalho escravo moderno estão:
Criação de bovinos para corte: 20 casos Serviços domésticos: 15 casos Cultivo de café: 9 casos Construção civil: 8 casos
Além disso, 16% dos novos registros estão ligados a atividades urbanas, revelando que o problema vai além do campo e alcança também os centros urbanos.
Critérios de inclusão e atuação dos órgãos
A inclusão na “Lista Suja” só ocorre após a conclusão de um processo administrativo, em que são assegurados os direitos à defesa e ao contraditório. Os empregadores permanecem no cadastro por dois anos, a não ser que novas infrações sejam identificadas.
A fiscalização é feita por uma força-tarefa composta por:
Auditoria Fiscal do Trabalho
Ministério Público do Trabalho (MPT)
Polícia Federal
Ministério Público Federal (MPF)
Defensoria Pública da União (DPU)
Caso JBS levanta suspeita de interferência política
Uma decisão inédita chamou a atenção nesta edição. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, realizou uma revisão final em um processo que poderia levar à inclusão de uma unidade da JBS na lista, segundo documentos revelados pela agência Reuters.
A unidade teria sido investigada por manter trabalhadores em condições degradantes, mas acabou não sendo incluída. A medida gerou críticas de especialistas e entidades, que classificaram a intervenção como sem precedentes nos mais de 20 anos da “Lista Suja”.
Como denunciar trabalho escravo
Cidadãos que souberem de casos de trabalho análogo à escravidão podem denunciar de forma anônima pelos seguintes canais:
Aplicativo MPT Pardal (disponível para Android e iOS)
Disque 100 (Direitos Humanos)