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Paulo Boudens diz ter sido ameaçado de morte após escândalo de desvio bilionário no INSS

Ex-assessor de Alcolumbre e atual servidor do Senado, recebeu R$ 3 milhões de empresa investigada pela PF e estaria recluso por temer por sua vida

Paulo Boudens diz ter sido ameaçado de morte após escândalo de desvio bilionário no INSS
Por: Em tempo
postado em 05 de outubro de 2025

Um dos nomes ligados ao escândalo de desvios bilionários no INSS, o advogado Paulo Augusto de Araújo Boudens – homem de confiança do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) – se encontra recluso após sofrer ameaças de morte. A denúncia, segundo pessoas próximas ao advogado, foi levada recentemente à CPMI do INSS, que investiga a fraude estimada em R$ 4 bilhões contra aposentados e pensionistas.

Paulo Boudens diz ter sido ameaçado de morte após escândalo de desvio bilionário no INSS

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e seu homem de confiança (à direita), Paulo Boudens -  (Roque de Sá/Ag. Senado) 

De acordo com informações obtidas pela VEJA, Boudens teria sido ameaçado por familiares de Alcolumbre, após seu nome vir à tona no curso das investigações. Desde então, o advogado tem evitado qualquer manifestação pública e não responde a convocações informais de parlamentares.

Transferência milionária e ligação com empresa investigada

Segundo documentos já em posse da Polícia Federal, Paulo Boudens recebeu R$ 3 milhões da empresa Arpar Participações e Empreendimentos, investigada por envolvimento direto na lavagem de dinheiro e no pagamento de propina a operadores do esquema criminoso. A Arpar, por sua vez, movimentou cerca de R$ 98 milhões em operações suspeitas entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024.

Metade desse valor – R$ 49 milhões – foi repassado pelo lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, apontado como um dos principais articuladores da fraude. O dinheiro teria circulado por empresas de fachada e contas de laranjas, antes de chegar a beneficiários do esquema.

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Ligação política e silêncio institucional

Na época em que recebeu os repasses, Boudens era assessor parlamentar no gabinete de Davi Alcolumbre. Desde outubro de 2024, ocupa cargo no Conselho Político do Senado, com salário de R$ 30 mil mensais. A manutenção do advogado em cargo público, mesmo diante das suspeitas, gerou forte reação entre parlamentares da oposição.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE), integrante da CPMI do INSS, chegou a solicitar publicamente o sfastamento imediato de Boudens das funções no Senado. O presidente da Casa, no entanto, preferiu o silêncio e não se pronunciou sobre o caso.

CPMI cobra depoimento e quebra de sigilo

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito já recebeu requerimentos para convocar Boudens a depor, além de pedidos de quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do advogado. Os documentos ainda aguardam votação pelos membros da CPMI.

O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), considera que a oitiva de Boudens é essencial para esclarecer a possível ligação direta entre operadores do esquema e agentes públicos do alto escalão do Senado Federal.

Investigação em andamento

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal seguem apurando os vínculos entre os repasses feitos pela Arpar e a rede de corrupção instalada no INSS. O caso está sob segredo de justiça em alguns trechos, mas a expectativa é de que novas fases da operação tragam à tona outros nomes de autoridades supostamente envolvidas.