Brasília e Boa Vista (RR) – A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (30/7), a Operação Caixa Preta, que investiga a suspeita de um esquema de compra de votos nas eleições municipais de 2024. Entre os alvos estão o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, e a deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR).
Samir Xaud presidente da CBF - Foto: Divulgação/Rafael Ribeiro-CBF
Foram cumpridos ao menos dez mandados de busca e apreensão em Roraima e no Rio de Janeiro. Segundo a PF, a investigação apura o uso de recursos ilícitos para financiar candidaturas locais e favorecer aliados políticos na região Norte.
Sede da CBF vasculhada
O presidente da CBF, Samir Xaud, teve a residência em Boa Vista e a sede da entidade no Rio de Janeiro vasculhadas por agentes da Polícia Federal. Médico de formação e ex-secretário-adjunto de Saúde de Boa Vista, Xaud é também suplente do MDB na Câmara dos Deputados por Roraima e assumiu a presidência da CBF em maio deste ano.
A operação ocorre três dias após Xaud se reunir, em Brasília, com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, para tratar de cooperação institucional. A coincidência temporal entre a reunião e a operação levantou questionamentos nos bastidores da política local.
Deputada e familiares são alvos
Além de Xaud, a PF também vasculhou duas empresas e uma residência da deputada Helena da Asatur, em Boa Vista. O marido dela, Renildo Lima, também foi alvo da operação. Em 2024, ele foi detido com R$ 500 mil em espécie, suspeito de uso para compra de votos, mas foi liberado após prestar depoimento.
Deputada Helena Lima que tirou assinatura da anistia tem contrato com governo Lula - Foto: Divulgação
Em nota, Helena criticou a ação da PF, classificando-a como uma tentativa de "escândalo político armado” e afirmou nunca ter sido intimada a prestar esclarecimentos. A deputada, que pretende disputar o Senado em 2026, alega que há motivação política por trás da operação. “Acredito que o objetivo era gerar um fato político e me desgastar publicamente”, afirmou.
Histórico polêmico
Samir Xaud vem sendo alvo de diversas denúncias administrativas e judiciais desde sua ascensão ao comando da CBF. Segundo registros do Ministério Público e da Justiça do Trabalho, ele já respondeu por improbidade administrativa, omissão de bens à Justiça Eleitoral e ações por irregularidades na gestão pública.
Desde que assumiu a presidência da CBF, Xaud é visto como uma figura controversa nos bastidores do futebol brasileiro, com críticas à sua eleição considerada “atípica” e ao seu histórico de gestão no setor público em Roraima.
O que diz a CBF
A Confederação Brasileira de Futebol ainda não se manifestou oficialmente sobre a operação. Procurada pela reportagem, a assessoria da entidade afirmou que “colabora com as autoridades” e que Samir Xaud continua no exercício da presidência.
Desdobramentos
A Polícia Federal não divulgou detalhes sobre os materiais apreendidos nem confirmou se os alvos serão intimados a depor. A investigação segue em sigilo, sob supervisão do Ministério Público Eleitoral.
A Operação Caixa Preta levanta novos questionamentos sobre a interferência política em entidades esportivas e o uso de recursos públicos em campanhas locais, um problema crônico em diversas regiões do país.